Valorização de Projetos de Inovação – Portugal 2020
por Daniel Coelho
Faz sentido a sua empresa concorrer a apoios comunitários para apoio ao investimento produtivo? Neste tópico abordamos os temas a considerar.
Ocorre com regularidade ao discutir projetos de investimento com empresas, que o foco se apresenta na expansão da produção ou modernização. No entanto, o recurso a fundos europeus para financiamento de projetos envolve especificidades que devem ser consideradas atempadamente, pois não nos podemos limitar a “trocar máquinas velhas por novas” ou a instalar mais uma linha de produção para fazer mais do mesmo.
As orientações da União Europeia e tendências na indústria, se Portugal quiser seguir o caminho da reindustrialização, apontam para a necessidade de introduzir conceitos nas empresas como a transformação digital, a economia circular e a transição energética, de forma a trazer mais valor para a economia e reforçar a competitividade das PME, ao mesmo tempo associando o conhecimento como fator essencial.
De forma a valorizar os seus projetos e assegurar uma boa pontuação nas suas candidaturas, as empresas promotoras devem portanto antes de mais analisar se o investimento a efetuar vai trazer realmente vantagens competitivas, tanto para si próprias como eventualmente para o mercado.
Por outro lado, fala-se muito agora, e há muita expectativa, na “bazuca” europeia através do Plano de Recuperação e Resiliência e do novo quadro comunitário de apoio 2021-2027 (o chamado Portugal 2030). O que parece soar aos ouvidos de muita gente é basicamente “muito dinheiro a fundo perdido”, mas não é bem assim, até porque uma componente destes apoios financeiros é reembolsável.
Adicionalmente, as candidaturas a sistemas de incentivos, apesar do que é apregoado sobre a sua simplificação, terão tendência a se tornar mais exigentes, tanto na fase de candidatura, apresentando coerência dos investimentos com as estratégias apresentadas, como na fase de acompanhamento das despesas.
E não esquecer que recorrer a estes apoios implica compromisso com resultados, quer seja a nível de volume de negócios, rácios de exportações, contratações ou índice de valor acrescentado. Basicamente, para quem não quer compromissos associados, o melhor é passar à frente e consultar a banca.
Fica aqui então um resumo de pontos a considerar, por tópicos.
Plano estratégico:
- A empresa tem um plano estratégico suportado numa análise da envolvente externa e na identificação das suas vantagens competitivas, com ações e objetivos claros, o qual sustenta de forma consistente as opções de investimento identificadas no projeto?
- Existe um equilíbrio adequado entre a despesa elegível a realizar e o acréscimo de atividade económica decorrente do projeto?
- O quadro de investimento apresentado é revelador dessa estratégia?
- Haverá aumento da produtividade? Do valor acrescentado?
- Os processos produtivos são, ou serão, de capital intensivo?
- Existe criação de postos de trabalho, nomeadamente qualificados?
Internacionalização:
- A atividade a desenvolver visa a produção de bens e serviços transacionáveis e internacionalizáveis ou contribui para a cadeia de valor dos mesmos?
- A empresa prevê exportações? Com que intensidade? Para que países?
- Estão fundamentadas e são consistentes com a estratégia da empresa e com o seu modelo de negócio?
- Pondera-se a utilização de ferramentas de marketing sofisticadas (comunicação outbound e inbound)?
Inovação:
- A inovação (ao nível do produto, processo, marketing e/ou organizacional) está bem fundamentada?
- Existe de facto inovação? Para a empresa, mercado nacional ou internacional?
- É feita a comparação face ao que já existe na empresa, sector, região, mercado ou país e face ao estado da arte do conhecimento?
- A estratégia é ancorada em produtos e/ou processos únicos ou dificilmente replicáveis?
- Existirá aumento da presença ao longo da cadeia de valor, controlando distribuição, design, marketing, etc?
- Há colaboração regular com entidades do Sistema Científico e Tecnológico (universidades, institutos)?
- O projeto Inclui investimentos em eficiência energética, transição digital e/ou economia circular? Para mais informação sobre estes tópicos consultar https://www.compete2020.gov.pt/admin/fileman/Uploads/Referencial_Politicas-Setoriais_Industria_4.0.pdf
Viabilidade económico-financeira e fontes de financiamento
- O projeto sustenta uma melhoria dos rácios económico-financeiros da empresa?
- A empresa tem uma autonomia financeira prévia de 20% (para Não PMEs) ou 15% (para PMEs)?
- Está assegurado o financiamento de 20% das despesas elegíveis através de novas entradas de Capital Próprio?
- Estão contempladas e a empresa está em condições de confirmar a existência das restantes fontes de financiamento, que juntamente com os capitais próprios e o incentivo, suportam a totalidade do investimento, sem contar com os meios libertos a gerar pelo próprio projeto?
Recursos utilizados: IAPMEI – Mini-manual de Boas Práticas para candidaturas a incentivos
A Export Partners Consulting é uma empresa especializada em consultoria empresarial. Se está a considerar realizar um projeto de investimento, não deixe de nos contactar através do tel.: 916 380 260 ou e-mail info@exptpartners.com.