Dificuldades em Exportar para fora da União Europeia
Descrição e análise detalhada dos desafios em exportar para fora da União Europeia. Exemplos concretos e possíveis soluções para superar os obstáculos.
Para a maioria das PME’s nacionais, quando é altura de seleccionar os novos mercados para o seu processo de exportação e expansão de vendas internacional, a opção recai, sobretudo, por territórios da União Europeia, geograficamente mais próximos, culturalmente similares e com vantagens sob o ponto de vista da facilidade de entrada de novos produtos provenientes de Portugal, sob o ponto de vista politico-legal.
Mas quando, por motivos estratégicos ou de crescimento, é necessário dar o salto para outras regiões do globo e exportar para fora da União Europeia? Quais os desafios e dificuldades que podem ser expectáveis?
Passamos de seguida a explanar resumidamente um conjunto de desafios que qualquer empresa/sector irá ser sujeita:
– Diferenças culturais e fusos horários distintos;
– Barreiras alfandegárias, sanitárias e taxas aduaneiras;
– Certificações específicas;
– Cotação cambial do euro comparativamente outras “moedas”;
– Garantia de pagamentos.
Uma primeira dificuldade com que a generalidade das empresas se depara é, desde logo, as diferenças entre culturas e fusos horários entre continentes. As organizações vão deparar-se com cenários não expectáveis, distintas formas de pensar, agir e negociar, assim como com tempos de tomada de decisão e negociação diferenciados dos praticados na Europa (em regra, mais longos). Saber adaptar-se e responder às exigências “diferentes” contribui, decisivamente, para o sucesso a longo prazo da estratégia.
De igual modo, ser capaz de ter flexibilidade para responder a fusos horários distintos e que assim geram expectativas e necessidades distintas é outro dos desafios que qualquer PME tem de conseguir ultrapassar.
As barreiras alfandegárias, sanitárias e taxas aduaneiras são também outra das principais dificuldades a vencer. Enquanto a nível europeu temos livre circulação de bens, a nível internacional qualquer produto está sujeito a restrições e taxas que podem colocar em causa a competitividade e sua possibilidade de venda.
Como exemplo, se um empresa nacional do sector têxtil pretender exportar os seus produtos para o Brasil, irá ter uma taxa aduaneira entre 37 a 38% do valor do produto, o que praticamente pode impedir a sua eficaz comercialização. Outra das barreiras poderão ser ao nível sanitário, sobretudo no que respeita a bens alimentares.
Em regra, este tipo de imposições não tem outro objectivo que não seja proteger a economia e determinados sectores destes mercados e é sobretudo utilizado por países menos desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento.
As certificações são, de algum modo, idêntica estratégia politica para proteger indústrias ao nível de determinados territórios. Noutros, trata-se de imposições de segurança para que certo produto possa ser comercializado.
Existem mercados onde o grau de exigência e morosidade para aprovação são de tal ordem que vão impedindo o surgimento de concorrência e oferta internacional, com especial relevo para o sector alimentar, protegendo novamente a economia doméstica ou até a existência de monopólios (privados ou estatais). Podem ser apresentados os casos de produtos alimentares para a China, onde o processo de aprovação pode demorar até uma década, ou então o caso da Rússia, onde a certificação e aprovação de matérias-primas (têxtil e calçado) são bastante mais exigentes e difíceis de superar do que comparado com mercados maduros como Japão, EUA, ou Europa.
Existem ainda necessidades específicas, ligadas à cultura e religião. Ao nível alimentar, se pretendermos exportar para Israel, teremos obrigatoriamente de ter uma certificação Kosher (ligada a tradições Judaicas, com mais informações disponíveis em http://www.koshercertification.org.uk/whatdoe.html) e se for para países muçulmanos será, provavelmente exigido uma certificação Halal (relacionada com esta religião, com detalhes em http://halal.pt/ihp/), cumprindo assim tradições e regras associadas à prática religiosa, fortemente dominante no dia-a-dia de certos países.
A cotação cambial é outro dos obstáculos não controláveis que as empresas enfrentam, devendo ser fortemente levado em consideração na sua estratégia. Para fora da Europa, o dólar é normalmente a divisa utilizada, ditando oportunidades e fechando mercados para as empresas europeias. Até há uns anos, por exemplo, a baixa do dólar tornou quase impraticável a venda de têxteis-lar nacionais para os EUA. Actualmente e com a melhoria na paridade, as exportações aumentaram claramente em volume e valor, tendo Portugal elevada notoriedade a este nível.
Garantias de pagamento. O último aspecto referenciado no presente artigo. É frequente as organizações nacionais recorrem a instrumentos de protecção financeira em actividades de exportação como os seguros de crédito (apoios financeiros: seguros de crédito), minimizando deste modo o risco de não recebimento.
Fora da Europa e, sobretudo para as denominadas economias emergentes ou menos desenvolvidas esta solução dificilmente estará disponível na sua plenitude, sendo raras as vezes onde existem entidades disponíveis para a cobertura destes riscos. Assim, cada uma das PME’s nacionais deve acautelar possíveis negócios ruinosos, podendo optar por várias tácticas.
Optando por pagamentos antecipados e com entrega de “sinal” antes de início de produção, contacto com embaixadas locais e AICEP (www.portugalglobal.pt) para obter informações sobre a empresa, assim como pesquisas ao nível da Web para aferir se o nome do potencial comprador surge já associado a esquemas fraudulentos. De qualquer modo, o envio de mercadoria sem pagamento antecipado é totalmente desaconselhado.
De modo breve e algo simplista, foram descritos ao longo do artigo alguns dos principais factores que são claros obstáculos à opção de exportar para fora da União Europeia, para toda e qualquer empresa nacional, devendo ser sempre levados em conta antes da operacionalização de qualquer estratégia a este nível.
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